terça-feira, 10 de junho de 2025

:: FAGULHAS NO CÉU::

A guerra ainda não acabou em minha mente...

Subtrai todas as essencialidades que eu possui, escrevendo sobre mil coisas que pensei que não eram só minhas.
Nas minhas indagações, sonhos, devaneios e esferas que me reduziam a pó.
A questão da minha materialidade como um ser existente, estava quebrada.
Desmembrado, corria para um lugar aonde as cachoeiras gritavam  meu nome, desesperadamente.
Eu não sabia aonde estava, só entendia por algum motivo, que estava ali pedindo clemência.
Passei muitos anos da minha vida, ouvindo e insistindo e auscultar o que todos me diziam.
Fiquei em silêncio por noites, ninguém entendeu, não tinha ninguém para pegar a carta na caixa de correio.
Talvez, fosse uma carta endereçada a minha alma, pedindo para que eu fosse mais cauteloso.
Ou, uma espécie de redenção querendo ser formalizada.
Até o presente momento, não descobri, a carta envelhece junto comigo, trancada.
As dores que ando sentindo, são muito fortes, mas incapazes de destoar minha melancolia.
Queria que fosse diferente, mas eu era diferente de tudo que achava que estava sendo.
Era cruel o que eu fazia comigo mesmo, torturando minhas memórias atrás de um viés para minha insanidade.
Creio, que devo ter enlouquecido na adolescência, quando tentava demonstrar alguma empatia por mim mesmo.
As vezes, até dava certo, mas em outros momentos, era tão trágico, que eu ria de mim mesmo.
Uma risada aguda, de quem havia ferido a si mesmo e não sabia o porque.
Estava exausto, quase que entrando em coma, devorando minhas árvores secretas, meu jardim, estava quase vazio.
Vivi por muitos anos, inacabado, tentando reencontrar alguém que se perdeu em um parque de diversões.
Não tinha ninguém segurando as minhas mãos nesse passeio.
Era apenas eu e alguma parte de mim que sonhava com algo cômico.
Balbuciava realidades nas quais, vivia relutando para construir uma nova experiência da minha vida.
Amores, dores, lutos e muitas trevas.
Ajudar as pessoas, sempre me equilibrou de uma forma que a morte em poucos momentos me procurava.
Acho que até mesmo ela, me evitava.
Quem dera por um segundo, eu consegui rememorar algum instante que durasse mais de um dia sorrindo.
Eu tinha que ser forte mesmo perdendo tudo em instantes.
Mas estes instantes, eram ferozes e cheios de raiva.
Sem pudor, caminhei anos a fio, testando minha sobriedade, montando em algum cavalo arisco.
Na verdade, eu sinto dizer, mas, eu ficava estranhamente realizado com velórios, aniversários e qualquer que fosse as confraternizações.
Esses lugares, me atraiam muito, porque eu fingia que podia adivinhar o que os convidados sentiam.
Inventando histórias sobre algo similar ao que eles aparentavam ser.
O grande espetáculo estava na despedida final, aonde a tenda do circo caia sobre a cabeça de todos.
Fico pensando, será em alguma metade de um dia qualquer eu consegui não me sentir eufórico?
Eu não podia dar o luxo de ficar doente, tinha coisas mais sérias para resolver.
Me recordo de uma vez em que vomitei em público, após ter comido um cachorro quente de rua.
As pessoas viraram meus espectadores acirrados, quando minha garganta expelia minha doçura para fora do meu corpo.
Me envolvi com muitas pessoas, elas conseguiram provar que eu carregava uma maldição.
Choro muito, ao cair a noite, só deseja ter alguém para contar o que me assombra.
Falar sobre alguma coisa que eu nunca tenha contado para ninguém, dividir o segredo de mim  mesmo.
Um rapaz que destronou a si mesmo porque nem mesmo beleza, tinha por inteiro.
Sorria muito, era bizarro como as pessoas gostavam de meu sorriso cortante.
Tenho muitas covas, brinco mentalmente que elas enterram meus desejos mais obscuros.
Sinalizo a vida, como se ela fosse de brinquedo, queria morrer e parar tudo.
Acabo não tendo nem a coragem de conseguir intuir que isso tudo é um grande deslize emocional.
Perdi alguma coisa que estava em meu bolso, acho que meu relógio que capturava os fieis segundos que me puxavam para baixo.
Hoje, não sei muito bem o que tenho, sei o que sinto, amor.
Em alguma estante velha, devo ter guardado o meu próprio álibi do meu crime passional.
Matei de novo, meu personagem principal e fiquei muito excitado.
Percebo algumas fagulhas no céu, tentando me indicar alguma direção.
É só uma vertigem de alguém que nem comer, tem a dignidade de fazer direito.
Por exemplo, a agua que bebo, compulsivamente, transborda em minha saudade.
Nada permanece intacto quando eu estou vivendo algo.
Parece que pode ser, aquilo que disse lá em cima, a  maldição.
Em algum momento fui abandonado em uma encruzilhada qualquer e o demônio mais aflito, me resgatou.
Que pena!
Eu não deveria ter permanecido naquelas estradas velhas, aonde as placas diziam as saídas.
Foram todas, apagadas pelas chuvas torrenciais, geladas, cálidas e desnudas de esperança.
Me vejo ainda, algumas vezes, fazendo tudo que posso por aquilo que me resta.
Descobri que esse "aquilo", sempre entrego para alguém que pede comida na rua.
Vou sobrevivendo desta forma, com uma dor aguda de ser.
Estou tentando me restaurar, mas sou bruto demais.
Alguém lá fora de mim, ainda me quer morto.
Na verdade, me sinto um fujão em um campo de batalha imenso.
Com a espada ensanguentada com meu próprio sangue, fingindo estar lutando contra algo...

sexta-feira, 6 de junho de 2025

:: CONFUSÕES ATENUADAS::

Eu estou aberto novamente...

Pensando em todo tempo que passei indo embora.

Bebendo minhas últimas lágrimas, tentando ir para algum lugar novo.

Eu sei o quanto eu fui tolo, estou gelado.

Você pode não me quebrar estar noite?

Eu estou tão cansado e sem força.

Eu ouvi um sussurro a noite passada, eu poderia ter dó de mim mesmo, mas acabei adormecendo.

Sei que estou encrencado com meus pesadelos, mas prossigo querendo adormecer.

Morri muitas vezes tão jovem, jogando forte com tudo que eu queria conquistar.

A vida passou rápido e eu me vi desnorteado com meus pensamentos obscuros.

Eu queria lhe dizer que as sombras voltaram e não querem me deixar levantar.

Se eu pudesse dar adeus a tudo que ainda me cerca, eu cantaria uma música sobre meu mundo.

Vi os pássaros correndo em minha direção e eles queriam minha carcaça.

Então, quando eu corro, procuro chegar na ponta do abismo e ele está dentro de mim. 

Alguém me disse que eu já enlouqueci quando deixei me dominar.

Mas todos os meus segredos estão dentro de uma caixa velha e eu perdi a chave do cadeado.

Preciso que aqueles pássaros atravessem minha alma.

A solidão tem me feito tanta companhia que eu sinto um verme comer meu destino.

A paixão tem  me salvo de tantas coisas, mas eu estou preso debaixo de minhas memórias.

Procurando um lugar profundo para ficar, para esperar a maré baixar.

Estou envelhecendo tanto que meus músculos parecem raízes antigas.

Você pode me levar para baixo de novo?

Seja dura comigo, porque a música parou de tocar e o silêncio é melancólico demais.

Eu tenho uma guerra dentro de mim, entre as coisas que desejo e as que sonhei.

Percebi que a arvore que ficava na ponta da colina, está com o tronco rachado.

Não posso me assistir sumir e mutilar minhas últimas esperanças.

O inverno ainda não é rigoroso o suficiente para petrificar minhas certezas.

Continuo cavalgando naquele cavalo jovem que insiste em me levar de volta para casa.

Eu sei, você sabe o quanto eu tenho desaparecido nas tardes, eu estava plantando algo e acabei comendo minha sanidade.

Minhas confusões estão atenuadas e eu não posso vencer a guerra que comecei quando escolhi não mais lutar.

A minha resistência faz com que eu ame coisas que ainda não estão sólidas e isso me consome. 

Tenho sintomas de febre, acho que estou começando a reviver algo que já tentou me distanciar de minha real jornada.

Levei para fora tudo que eu pensei que era válido para eu tentar continuar andando por ai.

Era tão belo quando tudo ainda conversava comigo, agora eu sei que, não entendo mais nenhuma palavra do que eu tento falar.

Estou com uma fenda na alma, revelando a escuridão que habita meu corpo...