quinta-feira, 15 de maio de 2025

:: CONSUMO DO PESADELO::

 Está aberta a temporada à caça...

A presa sou eu mesmo, montado em meu cavalo em chamas.

Aonde os olhos dele, são vermelhos como o sangue que corre em minhas veias.

Destilando todo meu devaneio nas folhas brancas que atravessam olhos esbravejados. 

A sonolência não me importuna, estou diante do meu próprio desejo.

Minha pele está se desfazendo, parece cera, prorrogando um pedido qualquer.

Os desfiladeiros com seus ecos, escutam meus gritos de pavor.

A ardência das chamas interiores, me excitam, estou em um sexo inseguro.

Minha mente está cercada por todos os lados de desolação.

Percebo que minhas pernas começam a bambear. 

Sinto o gosto da absolvição da morte, um antigo prazer que me fecunda a elegância das horas.

Horas que, me julgam banalizado, inconscientes lembranças me visitam.

A porta está aberta para todas as emoções e eu estou fervendo feito uma caldeira.

O cheiro de lírio branco, misturado com uma música do Phillip Glass no fundo de minha sombra.

De joelhos, observo a lua se afastar, estou sem piedade do tempo que está se engendrando no horizonte.

Por cima de minha cabeça, estrelas, todas querendo morrer antes do tempo.

Elas querem explodir e virar só uma memória passageira.

As cadeiras agora, estão todas viradas para cima, com suas pernas envergadas.

Meu colapso mental me confunde com minha própria natureza de estar ausente.

Vestido de horror profundo, desta vez não carrego lamentação.

Todos estão à minha volta, mas não podem me ver, eu os engoli por precaução.

Esfomeado, cuspi um por um, para que em uma poça de sangue eu possa dançar minha última melodia.

Esse pode parecer o último ato do poeta rústico que mergulhava nos seus sonhos mais pesados, para no outro dia construir uma canoa de ossos.

Quem tenta enxergar o que ali acontece, entra em um nevoeiro.

Lamenta não conseguir ver a luz tão forte se transformar em uma relva de arvores mortas.

Os galhos destas arvores apontam para o céu, suas raízes doem, como ferimentos profundos.

Profanamente, deslocamo-nos para um segundo a frente, o presente não existe mais.

O passado começa a entornar suas angústias como se tentasse se retratar de um futuro banalizado.

Nada se move, não mais.

A calma causa paralisia em toda agua do oceano consciente.

Estou mergulhado em uma lama, que cheira a constrangimento e desafio pessoal.

As pessoas começam a se levantar, mas estão cegas e sem lingua.

Conjurados estão!

O cavaleiro ferido, toma as rédeas de seu cavalo selvagem em chamas e parte para a floresta fechada.

Essa noite ele não poderá continuar a morrer, não tão rapidamente.

Porque sua poesia está crua demais e sua bestialidade o feriu.

Cavando com as próprias mãos o peito ardente, ele chega ao núcleo de si mesmo.

Consumado o pesadelo está!!!