sábado, 31 de maio de 2025

:: AURORA CELESTIAL::

 

Beijo é extensão,

Vaidade, conexão e aceitação.

Uma parte do desejo que se instaura no eu do outro.

O outro sendo em si mesmo, você.

O afastamento de um lábio para outro, satisfação, oxigenando a alma.

Contra-desejo , lugar aonde as feridas se fecham e dão lugar ao ato sagrado de louvação do ego.

Pulsante estadia em outro mundo,

Aonde toda ilusão, vira consciência e desdobra-se em majestosa realidade.

Conta-se que o beijo é a imersão da imensidão do ser.

Uma luta profunda de não querer sair do lugar de acolhimento.

Aonde o véu do querer, despe a Aurora que está escondida no céu...

domingo, 18 de maio de 2025

:: PERIGEU::

 Os olhos estão voltados para o céu...

As estrelas estão caindo, cerca de mil termos vão se dissolvendo.

Parece um pouco maior aqui de baixo, agora estou amplificado.

Em meu coração, existe um significado, um ponto mais próximo da minha razão.

Estou diluído em um fluído cosmológico.

Tentando decifrar qual a cor mais forte no vestido colorido da dama oculta.

Se quiser, eu posso acabar dizendo que algo que me orbita sempre esteve diante de seus olhos.

Minhas lacunas, uma memória distante do que eu posso narrar, eu estive presente-ausente.

Não existe uma norma, ritmo ou sobriedade que me faça lembrar de meu último sorriso.

Eu estava distante o suficiente para não usar analogias sobre minha própria claridade.

Consegui cavar profundamente esta noite e vi uma evolução em tirar toda lama de cima de mim.

Um lago apareceu no meu jardim, a agua lembrava a profundidade do seu olhar, insano.

Derivamos de um sentido atual de algo que se move para cima e para baixo, sem direção.

Mas, eu não posso ser literal, minhas palavras estão sobrepostas em uma mesa vazia.

Então, me diga o que sente quando sabe que pode me deixar alto?

Amor, paixão, sombras, flores que nascem em um jardim particular, quem irá colher?

Partindo do passado, eu mereci uma parte de mim que era intocável, fui simbólico.

Na referência das minhas antigas crendices, acabei em um abismo aberto para o Nada.

Eu posso colher nossas flores essa noite?

Estou pegando fogo e minhas confissões são tão imaturas e inatas.

Digo, algo profano me tocou e eu senti todo sangue do meu corpo, ferver. 

Entramos em um lugar em nossa alma, aonde qualquer coisa que for tocada, irá ganhar vida.

Silêncio grosseiro, como se estivesse fadado a resistir a qualquer estrondo astral.

Eu venho calado tentando coletar as coisas bonitas e saindo com as mãos vazias.

Você sabe o que houve naquela noite? 

Trocaram as estações e só sobrou um manto escuro me testemunhando. 

Em passos curtos, vou adormecendo pelas vozes ensurdecidas pela inconsciência.

Parece um castigo, mas não cabe, a xícara derramou, nossa sanidade chegou ao coração.

Vou voltar para minhas feridas, projetando com força, toda temperança que puder.

As correntes estão enferrujadas e eu ouço o romper das horas, anunciando que a Fera voltará para esse mundo.

Qualquer vínculo que não possa levar o barco até o cais, será encerrado.

Em todos os versos, existe uma esperança, um deboche existencial e uma cortesia da morte.

Pode ser que o rio que corre e arrasta minhas virtudes esteja rompendo a barreira da realidade.

E hoje, nem toda minha resistência seria capaz de ocultar os meus desejos mais íntimos.

Existe uma sede inesgotável na minha boca, que não pede licença para que o mundo me tema. 

O vento soprou para dentro de mim, um tempo melancólico e nada sadio. 

Está tarde e minha febre é mansa e meus caminhos, sem pudor...


quinta-feira, 15 de maio de 2025

:: CONSUMO DO PESADELO::

 Está aberta a temporada à caça...

A presa sou eu mesmo, montado em meu cavalo em chamas.

Aonde os olhos dele, são vermelhos como o sangue que corre em minhas veias.

Destilando todo meu devaneio nas folhas brancas que atravessam olhos esbravejados. 

A sonolência não me importuna, estou diante do meu próprio desejo.

Minha pele está se desfazendo, parece cera, prorrogando um pedido qualquer.

Os desfiladeiros com seus ecos, escutam meus gritos de pavor.

A ardência das chamas interiores, me excitam, estou em um sexo inseguro.

Minha mente está cercada por todos os lados de desolação.

Percebo que minhas pernas começam a bambear. 

Sinto o gosto da absolvição da morte, um antigo prazer que me fecunda a elegância das horas.

Horas que, me julgam banalizado, inconscientes lembranças me visitam.

A porta está aberta para todas as emoções e eu estou fervendo feito uma caldeira.

O cheiro de lírio branco, misturado com uma música do Phillip Glass no fundo de minha sombra.

De joelhos, observo a lua se afastar, estou sem piedade do tempo que está se engendrando no horizonte.

Por cima de minha cabeça, estrelas, todas querendo morrer antes do tempo.

Elas querem explodir e virar só uma memória passageira.

As cadeiras agora, estão todas viradas para cima, com suas pernas envergadas.

Meu colapso mental me confunde com minha própria natureza de estar ausente.

Vestido de horror profundo, desta vez não carrego lamentação.

Todos estão à minha volta, mas não podem me ver, eu os engoli por precaução.

Esfomeado, cuspi um por um, para que em uma poça de sangue eu possa dançar minha última melodia.

Esse pode parecer o último ato do poeta rústico que mergulhava nos seus sonhos mais pesados, para no outro dia construir uma canoa de ossos.

Quem tenta enxergar o que ali acontece, entra em um nevoeiro.

Lamenta não conseguir ver a luz tão forte se transformar em uma relva de arvores mortas.

Os galhos destas arvores apontam para o céu, suas raízes doem, como ferimentos profundos.

Profanamente, deslocamo-nos para um segundo a frente, o presente não existe mais.

O passado começa a entornar suas angústias como se tentasse se retratar de um futuro banalizado.

Nada se move, não mais.

A calma causa paralisia em toda agua do oceano consciente.

Estou mergulhado em uma lama, que cheira a constrangimento e desafio pessoal.

As pessoas começam a se levantar, mas estão cegas e sem lingua.

Conjurados estão!

O cavaleiro ferido, toma as rédeas de seu cavalo selvagem em chamas e parte para a floresta fechada.

Essa noite ele não poderá continuar a morrer, não tão rapidamente.

Porque sua poesia está crua demais e sua bestialidade o feriu.

Cavando com as próprias mãos o peito ardente, ele chega ao núcleo de si mesmo.

Consumado o pesadelo está!!!

terça-feira, 13 de maio de 2025

:: OUTRAS SOMBRAS DE NÓS MESMOS::

 

A estrada está aberta novamente...

Você sabe que o oceano nos engoliu e agora sabemos a profundidade da solidão.

Eu sinto que meu corpo está quebrado e minha alma quer fugir do corpo.

Mas, as paredes estão rachadas, estou buscando uma outra saída para nós.

Abra seus olhos, deixe esse ódio de lado, estamos longe de nós mesmos.

Se você olhar ao redor, sempre estivemos sozinhos.

Procurando um lugar melhor para habitarmos, mas acabamos sozinhos com nossas malas melancólicas.

Fomos possuídos por alguma coisa que vem de um lugar cheio de desgosto.

Não se esqueça, nós tínhamos vários pontos em comum.

Construímos um castelo e os jacarés estão famintos procurando nossos restos.

Quando buscamos uma ideia de como poderíamos estar sóbrios.

Lutando contra esse fogo que nos quer deixar em cinzas.

Fomos tão amigos, amantes e realmente, não entendo aonde estava o desfiladeiro.

Então, dê a volta, não se esqueça que eu não posso te odiar de olhos fechados ou abertos.

Porque eu te vejo, te sei no seu lugar mais instintual.

Esquecemos alguma porta aberta e nossas cartas estão voando por todo mundo e quem tentar nos compreender, vai acabar vendo em si mesmo, o que fomos.

Nas certezas que possuímos, alguns instantes estão se partindo em mil pedaços.

Sinto um gosto ruim na boca, parece que eu deixei de sentir o gosto da vida.

Mas, minha alma não consegue esquecer aquele perfume que vinha do seu corpo.

Estou tentando recapitular nosso último dia, não consigo lembrar de você sorrindo.

Só via a tristeza conversando ao seu pé de ouvido.

Sussurrando coisas que não eram nossas e você adoeceu profundamente.

Não te culpo por ser uma garota tão perdida diante do cenário que construíram para nós.

Poderíamos ter esquecido toda essa possessão momentânea de raiva, mas o mar nos engoliu.

Tragou para dentro do seu abismo, nossas memórias e acabamos afogados.

Abra os olhos, eu sei que você me queria morto para poder fechar meu caixão e esquecer de tudo que não podemos viver.

Sabemos que o vazio faz eco, as vezes acabamos esquecendo o que sentíamos.

Mas escolhemos uma dor insana, que ressalta nossa personalidade mais ferida.

Então, feche seus olhos, eu já estou dentro do nosso túnel secreto...