domingo, 2 de fevereiro de 2025

::TARDE EM CHAMAS::

 Uma vez eu tive um sonho cruel sobre o céu...

Uma vez eu tive um sonho cruel sobre o céu, ele parecia tão cinza quanto meus olhos.

A tempestade foi me levando e eu estava flutuando sobre uma noite em chamas.

Eu queria uma honra negra, sem que pudesse ver e eu me afastei de tudo.

Coloquei meus sapatos surrados e andei por uma cidade acabada.

Tentei dormir em um banco qualquer, mas todos estavam úmidos de lágrimas.

A grande absurda sorte que um dia eu possui, me destituiu de tudo que eu imaginava.

Eu estava tão doente que não podia pedir ajuda, estava me afundando em desculpas.

A única coisa que eu sentia, não me deixava mais segura para ficar.

Tentei uma cama diferente, acabei rezando para adormecer para sempre.

Estava solitária, cheia de ingratidões, por mim mesmo.

As glórias estavam lançadas em um chão desolado e corrompido.

Voei dando voltas pelas caldeiras antigas, aonde encontravam-se, meus lamentos.

Não adiantava querer poder fazer algo, estava quase sem alma.

Atingida por um destino que eu queria que não fosse para mim.

Escutei a canção mais melancólica, ela dançou em minha mente.

Calou minha face e desenhou em meus olhos, as minhas vozes acusadoras.

Posso ver minha pele, desfazendo-se pelas minhas suposições.

E se, eu pudesse voltar uns passos?

Será que eu seria um pouco mais forte para aguentar o peso da minha dor?

Então, me dê algo para comer pois, estou tão faminta que está difícil para eu digerir o que carrego em meu ser.

Assistindo as coisas ruírem, então é assim que o mundo termina?

Suas perguntas, são as respostas que me fazem viver no limite da minha sanidade.

Eu já enlouqueci tantas vezes, agora não consigo provar o quanto posso resistir a mais esse momento.

Não consigo pedir ajuda, minha garganta está estrangulada pelos meus devaneios.

Procurando sorrisos secretos, aonde existe apenas a sombra de uma identidade qualquer.

Deite-se e deleite-se, esta alma está esbarrando no barranco, tentando se esquivar de memórias ruins.

As flores estão morrendo em algum lugar dentro de mim, eu me desiludir pelos meus sonhos.

Estou cega, não consigo ouvir e o resto dos meus sentidos, não sei aonde foi parar.

Não sou inocente, meu coração bate tão forte que parece que pode explodir meu peito todo.

Vou descer as escadas, não, não posso.

Estou dentro de uma garrafa, procurando um pensamento gênio para me tirar desta perturbação.

Não tenho para onde ir, que eu  não seja capaz de te levar e você é tão leve.

Me deixe ficar debruçada sobre o peito de uma saudade que não passa.

Minhas mãos estão tão cansadas de tentar descrever e minha voz ficou cansada e rouca.

Vivendo no limite do estranhamento e da fina camada de realidade.

Ainda estou aqui, tentando aquecer minha consciência com o que eu desejo alcançar...